12 março 2011

Pannjo, the Bartender - #3

Levantei-me cedo. O sol nascia. Fui até a igreja. Ouvi a missa. O Padre, falou de nosso Senhor. De um episódio em particular. Das Bodas de Canã. O primeiro sinal, de Jesus como filho de Deus. Transformou água em vinho, quando este tinha acabado. E a oratória seguiu para os princípios do casamento e da unidade da família. Há coisas que me ultrapassam a compreensão, mas eu creio. Creio Nele. Acabou a missa. A igreja estava fria. Como todas as igrejas são. E tem que ser. Tempo de me confessar. O Padre é sempre o mesmo. As penitências e as confissões, as mesmas também. Já não me confessava a três meses. Duas mortes. Não comer durante dois dias e rezar uma hora por dia,ao deitar. Jejuar já não é segredo para mim. Tenho uma maior perspectiva da minha realidade. Da minha consciência e dos meus pecados. As mortes. Ontem sucedeu-me uma coisa curiosa. Estava sozinho em casa. Acabara de rezar. Perto de uma das janelas, uma sombra, longe. Ouvi uma voz. Essa voz falou: "Virei todos os dias, antes de te deitares. Eu sou Klalk. Não me perguntes quem sou, de onde venho ou o que sou. Deixa-me apenas ajudar-te." E da mesma maneira que apareceu, desapareceu. Comecei a pensar nas pessoas que matei. Quem poderá ser? Eu sou um caso clínico, de diversas doenças psiquiátricas. Telefonei para o meu psiquiatra. Uma alucinação disse. Pode ser. O primeiro dia de jejum. Pode ser. Imaginação de uma cabeça cansada de matar, e por consequência de viver. Deito-me na cama bêbedo de fome. Penso que estou a ficar louco. Penso nas pessoas que matei. Penso sempre que me deito. Olho para a janela. Da cama só vejo o céu. A janela que não existe.

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