18 abril 2010

Longe

Longe. Estás longe como o longe é.
Longe de mim, onde as pedras são brancas.
E aqui neste buraco onde estou, a luz é pouca.
Neste sítio a minha presença não existe.

Estou longe. Tão longe como o longe é.
Num sítio onde a luz floresce, onde as pedras são pretas.
A indiferença que o tempo me tem, que o espaço me mata.
Sou uma espécie de ser vivo. Anormalmente vivo.

Nado para não me afogar. Nado sem poder escolher.
Quase que me destempero. Que saio de mim mesmo.
E de fora ficam os órgãos, as veias os músculos.
O coração lateja. O cérebro seca ao vento...

Sinto o meu coração. Está dentro de mim.
E aí onde as pedras são pretas... aí...
O teu coração bate. E eu sinto.
Longe, longe...

1 comentário:

borboleta sem asas disse...

Amo a tua escrita. Escreves o que sentes com uma verdade crua entre as linhas. Eu entendo-te. Eu sinto-te. Casa letra que proferes. O sentimento deste poema está pralém de um poema. Longe...lá longe... alguém viveu uma das melhores coisas da vida. E o longe dói como tudo.