26 abril 2010

Não me apetece

Não me apetece mais. Estou farto. Farto.
As raízes que me prendem. Não me apetece.
Sinto a realidade e não me apetece.
Não quero ter forças e não tenho.

Pairo como uma ave num monte.
Quieto olho o horizonte, em baixo.
Não sei as palavras que penso.
Não as escrevo, nem sinto.

Ai... a forma de te ver. Respirar.
A mão que me segura é suave.
Quase imperceptível ao toque.
Sinto só.

Na minha cabeça o tempo parou.
O meu tempo. Nada é muito pouco.
E o que me dá esse tempo é só
O bem que me fazes. A mim.

18 abril 2010

Longe

Longe. Estás longe como o longe é.
Longe de mim, onde as pedras são brancas.
E aqui neste buraco onde estou, a luz é pouca.
Neste sítio a minha presença não existe.

Estou longe. Tão longe como o longe é.
Num sítio onde a luz floresce, onde as pedras são pretas.
A indiferença que o tempo me tem, que o espaço me mata.
Sou uma espécie de ser vivo. Anormalmente vivo.

Nado para não me afogar. Nado sem poder escolher.
Quase que me destempero. Que saio de mim mesmo.
E de fora ficam os órgãos, as veias os músculos.
O coração lateja. O cérebro seca ao vento...

Sinto o meu coração. Está dentro de mim.
E aí onde as pedras são pretas... aí...
O teu coração bate. E eu sinto.
Longe, longe...

15 abril 2010

A imprudente e magnífica arte de viver

Relembro-me de Zampano e Gelsomina. A crueldade e a beleza que a vida tem está ali, naquelas duas personagens do filme de Fellini "La strada". A dureza bruta e cruel de uma relação, sofre alterações, acabando inexplicavelmente no insuspeito desfecho. Relembro-me do pequeno Oskar, que com o seu tambor expressava tudo o que lhe ia na alma. A solidão retratada por Günter Grass, é intemporal, navega até aos dias de hoje.
Relembro personagens fortes e fracos, mas que sentem.
Nos dias de hoje sentir é sinal de fraqueza ou de força. Não é sinal de bondade ou de maldade, de felicidade ou infelicidade, de racionalidade ou emotividade. Tudo se resume a fraqueza e força que se tem, ou não. Não esqueço que a fraqueza e força de hoje está adulterada pela fantástica nova era que se adivinha. O sonho, está erradamente a ser conduzido pela soberba e perfídia do ser humano. O sonho esse não termina. Ele permanece em todos os que não são fracos ou fortes, mas em todos os que sentem.

04 abril 2010

Robert Longo

Nas minhas férias, deambulando pela nossa Lisboa, passei pelo C.C.B. antes de passar nos pasteis de Belém.
Por entre uma exposição de Joana Vasconcelos e uma outra de Annemarie Schwarzenbach, dei de caras com uma exposição de um artista que não conhecia. Robert Longo. Fui avisado a entrada por uma simpática funcionária do C.C.B. para não perder esta exposição... que os quadros pareciam fotografias mas que eram pintados a mão. E lá fui eu com curiosidade. O espanto foi total. Incrível o trabalho a preto e branco. Embora o próprio diga que se sente preso a este género de trabalho. Que quer ser reconhecido também pelo resto da sua obra. Deve ser o peso da genialidade...
Aqui ficam alguns dos que me ficaram na memória...