26 dezembro 2010

O que é um Mantra

Um mantra (tib. ngag / sngags, jap. shingon), protecção mental, é uma série de sílabas que invocam a energia de um buddha ou bodhisattva. A repetição de mantras no Vajrayana é tão importante que o budismo esotérico também é chamado Mantrayana, o Veículo do Mantra. Além do mantra, existe a sílaba semente (sânsc. bija), que sintetiza a essência mente iluminada.
A relação entre a fala, a respiração e o mantra pode ser melhor demonstrada através do método pelo qual o mantra funciona. Um mantra é uma série de sílabas cujo poder reside em seu som; através da pronunciação repetida, pode-se obter controle sobre uma determinada forma de energia. A energia do indivíduo está fortemente ligada à energia externa, e uma pode influenciar a outra. (...) É possível influenciar a energia externa, efectuando os assim chamados "milagres". Tal actividade é realmente o resultado de se ter controle sobre a própria energia, através do qual se obtém a capacidade de comando sobre fenómenos externos.
Para contar as recitações, geralmente se utiliza um rosário (sânsc. mala, tib. trengwa / phreng ba) de cento e oito contas. Na prática, considera-se que uma volta do rosário equivale a cem mantras; os oito restantes servem para compensar os mantras recitados distraidamente.
O mantra mais conhecido do buddhismo tibetano é Om Mani Padme Hum (os tibetanos pronunciam Om Mani Peme Hum), associado ao bodhisattva da compaixão, Avalokiteshvara. Nesse mantra, a sílaba Om representa a presença física de todos os buddhas. A palavra sânscrita Mani, jóia, simboliza a jóia da compaixão de Avalokiteshvara, capaz de realizar todos os desejos. A palavra Padme significa lótus, a bela flor que nasce no lodo; do mesmo modo, devemos superar o lodo das negatividades e desabrochar as qualidades positivas. A sílaba Hum, representando a mente iluminada, encerra o mantra.
Os mantras nem sempre possuem um significado claro e muitos deles são compostos por sílabas aparentemente ininteligíveis. Mesmo assim, eles são efectivos porque ajudam a manter a mente quieta e pacífica, integrando-a automaticamente na concentração. Eles fazem a mente ser receptiva às vibrações muito sutis e, portanto, aumentam sua percepção. Sua recitação erradica as negatividades grosseiras e a verdadeira natureza das coisas pode ser reflectida na claridade resultante em sua mente.
Recitamos e meditamos sobre o mantra, que é o som iluminado, a fala da divindade, a união do som com a vacuidade. (...) Ele não possui uma realidade intrínseca, é simplesmente a manifestação do som puro, simultaneamente com a sua vacuidade. Através do mantra, não nos apegamos mais à realidade da fala e do som encontrados no cotidiano, mas os experienciamos como sendo vazios. Então, a confusão do aspecto da fala de nosso ser é transformada na consciência iluminada.
Como actuam os mantras? O som exerce um poderoso efeito sobre nosso corpo e nossa mente. E pode acalmar-nos e dar-nos prazer ou ter influência desarmoniosa, gerando uma sensação subtil de irritação. O mantra é ainda mais poderoso do que um som comum: é como uma porta que se abre para a profundidade da experiencia. Visto que os mantras não têm sentido conceitual, não evocam respostas predeterminadas. Quando entoamos um mantra, ficamos livres para transcender os reflexos habituais. O som do mantra pode tranquilizar a mente e os sentidos, relaxar o corpo e ligar-nos com uma energia natural e curativa.
Em alguns sistemas hindus, diz-se que os mantras são sons primordiais que possuem poder em e por si mesmos. No tantra buddhista tibetano, os mantras não têm tal poder inerente — a menos que sejam recitados por alguém com uma mente focalizada, eles são apenas sons. Porém, para as pessoas com uma atitude adequada, os mantras podem ser poderosas ferramentas que ajudam no processo de transformação.
in Wikipédia

25 dezembro 2010

Quando

Quando eu não te posso ver.
Quando eu não te posso ouvir.
Quando eu não sei se te quero ouvir e ver.
Quando eu te quero ver.

Quando eu não quero pensar em ti.
Quando eu não quero pensar em pensar em ti.
Quando eu não quero pensar.
Quando eu quero pensar em ti.

Quando eu não sei se te amo.
Quando eu não sei o que és.
Quando eu não sei se és quem eu amo.
Quando eu sei que te amo.

Quando eu não sei se és só uma paixão.
Quando eu não sei se és uma ilusão.
Quando eu não sei se a ilusão é a paixão.
Quando eu sei que és.

Quando eu não sei ouvir a tua voz.
Quando eu não sei o toque da tua mão.
Quando eu não sei saber que me tocas e falas.
Quando eu sei que me amas.

Quando eu não te vejo.
Quando eu não te quero ver.
Quando eu não te olho sem saber.
Quando eu sei que te vejo.

Quando todas as coisas eu não quero.
Quando tudo é áspero.
Quando eu não quero nada de ti.
Quando eu quero tudo de ti. Espero.

Quando mais vale pensar em tudo menos em ti.
Quando tudo é mais do que tu.
Quando és mais do que eu.
Quando me apetece viver por não te ter.

Quando tu não sabes que não te amo.
Quando tu não sabes que não te quero.
Quando tu não sabes quem eu sou.
Quando tu sabes o que sou eu.

12 dezembro 2010

As Aventuras de Sir Monarch - #9

Bianca beija Alphonso, apaixonadamente. Derrubando o seu corpo para o chão, de encontro ao tapete. Senta-se sobre ele com o seu robe meio aberto, deixando entrever os seus seios macios e aveludados, terminando em duas pequenas tâmaras. Alphonso leva as suas mãos até elas, senta-se, e neste movimento agarra Bianca. Quase imediatamente, levanta-se, pegando-a ao colo, olha-a nos olhos. Os seus passos levam-nos até ao quarto.
Os dois fazem do quarto a sua caverna, onde só o ar e os seus corpos são reais.
Alphonso acorda. Ainda é de noite. Bianca dorme a seu lado. Ainda bem que estás a dormir, pensa ele antes de se levantar. Veste-se e sai apressadamente do apartamento. Na sua memória a bela Bianca. Guia furiosamente para o hotel, enquanto o dia aclara. Arruma as malas. Está pronto para partir. Praga.
Cheira a frio da manhã. Pede um táxi para Le Havre. Um Douglas C42, está a sua espera, no aeroporto Havre-Octeville. Sempre pronto para uma fuga de emergência, ou uma partida apressada. Sir Monarch conta com a ajuda de um seu velho amigo que reside em Le Havre. Um piloto de aviões da primeira guerra mundial, René Delport, conhecido pelas suas manobras inovadoras e destemidas nos fabulosos Spad S.XIII.
Sir Monarch chega a Le Havre, o estuário do Sena amplia-se cada vez mais. Da janela do táxi olha os eléctricos, os prédios, o porto, e as pessoas que apressadamente vão trabalhar. O táxi para atrás de um eléctrico.
- Pode parar aqui. Eu saio aqui. Disse Sir Monarch para o taxista, pagando-lhe depois a viagem. Só com uma maleta de mão, segue agora a pé ao encontro do seu amigo. Vai a pé até a Rua Henri Demaille nº7. Uma casa com dois pisos, pequena com jardim nas traseiras. O portão está aberto. Bate a porta com a sua bengala.
- AhAh!! Mon ami! È para sair já? Tenho o almoço ao lume!
- Sim, o quanto antes René. Tenho que ir para Praga e já!
Depois de apagar o fogão, René conduz o seu Renault Celtaquatre com prego a fundo, até ao aeroporto. Faz uma paragem na parte de trás de um hangar pequeno onde tem o avião. A espera dos dois estava nem mais nem menos que... Felicia Robertson.
- Bom dia! Presumo que tenha lugar para mais um passageiro?!...
- Felicia... Porque razão não me sinto surpreso? Claro que sim, a sua companhia será um prazer. Até Praga René!
- Allez-y!

10 dezembro 2010

Destino

Um tema que me foi sugerido por alguém, como outros que aqui estão. Pergunto por vezes, já que assim me obrigo a falar sobre um assunto que não me seja induzido por mim mesmo.
Frases que me ficaram na memória: o destino somos nós que o fazemos, o que é nosso está guardado, não há impossíveis, viver um dia de cada vez, o destino está traçado, é impossível mudar o teu destino.
Afinal o que é o destino? Para mim o destino, é o que ainda não foi, o que ainda não sou, o que ainda não aconteceu. O futuro será portanto o destino. Não acredito que o destino, o futuro já esteja escrito num qualquer papel, numa qualquer caixa e guardado a sete chaves. Já fiz tantos erros na vida, que influênciaram o meu amanhã, que não creio que já estivesse destinado faze-los. Decisões apressadas, repentes, mergulhos de segundos onde não é possível voltar atrás na plataforma da piscina. Saltei e não se pode voltar atrás. Somos o produto das nossas acções. Há que aceitar os erros e os sucessos, e evoluir. Não remeter para o destino, uma forma de desculpa egoista, para as acções falhadas e as conseguidas. Sou realista neste aspecto. Há que aceitar as consequências das minhas acções, e tentar fazer melhor para a próxima.
Saber perder hoje para saber ganhar amanhã. Esta frase colide com a moral vigente, que me remete para a culpa. Sou bombardeado pela sociedade, por vários atavismos morais e dogmas sociais. Existe hoje em dia, um constante fluxo de carga negativa que faz com que o individuo per si, se sinta culpado e apontado a dedo, marginalizado, quando não alcança o sucesso. E aqui o sucesso a que me refiro não é o sucesso merecido e conquistado, mas o sucesso efemero e arrancado a ferros, só porque tem que ser. O sucesso vem com o trabalho e o esforço de cada um. Como diaria Fernando Pessoa, "i know not what tomorrow will bring".
Agora antes de acabar, uma provocação a mim mesmo. Tenho gosto pela astrologia, numerologia, tarot, quiromancia, entre outras. Estou tranquilo, porque ainda tenho mais algumas vidas...

08 dezembro 2010

As Aventuras de Sir Monarch - #8

Enquanto conduzia, sempre as mesmas perguntas na sua cabeça. Sir Monarch não conseguia pensar, raciocinar. Resolve tomar um outro caminho que não para o seu hotel. Segue para Pigalle, Rua Condorcet, número 38, segundo andar. Só com um sentido, a estrada. Estaciona perto da porta, junto ao passeio esquerdo. A porteira abre a porta. As escadas em caracol levam-no ao segundo andar. Tira as luvas pretas, e dá dois toques na porta com a sua bengala. Segundos depois, a porta abre-se.
- Boa noite...
- Bonne nuit...
Do lado de dentro da casa, uma mulher pálida e gélida como o árctico. Cabelo preto e olhos verdes. Vestia um robe de seda chinesa preto, com desenhos de montanhas e lagos dourados. A boca pequena e suave pintada de vermelho sangue reluzente.
- Entra Alphonso. O visitante olha a sua hospedeira nos olhos e baixa-os de seguida. Olha para o chão enquanto anda até encontrar a porta para a sala. Volta-se para trás e olha-a de novo. Os seus olhos cruzam-se, e por segundos o tempo para.
- Toujours belle... sempre bela. Desculpa não ter avisado. Nunca aviso.
- Mon petit garçon... há coisas que nunca mudam. Talvez seja melhor assim. Senta-te. Ia preparar um Amaretto. Fazes-me companhia?
- Claro. Vou só trocar de roupa. O quarto ainda fica no mesmo sítio?
- Desde há pouco, sim, se o destino não o desfez.
Sir Monarch dá passos lentos pelo corredor escuro da casa. Familiariza-se com o cheiro, com o chão macio do tapete que pisa. As paredes amarelas, o cheiro a incenso. O quarto com paredes vermelhas, decorado com mobília preta, de linhas suaves e longas. Por cima da cama um espelho de parede. Troca de roupa. Veste um robe de seda branco. Vai ter com ela.
- O teu Amaretto está em cima da mesa. Serve-te. Sir Monarch puxa de uma cadeira e senta-se.
- Bianca, a tua imagem, desde que te vi pela última vez, nunca me deixou. Nem um único dia. Estás... como sempre. És tu.
- Sim Alphonso. Sou eu. A mesma. Nunca saí daqui. A espera de um dia que não chegava, demorava a chegar. O dia de hoje. O que fizeste nos últimos dois anos? Nem uma carta...
- Ma belle... dias houve em que desejei não viver este dia. Mas a minha vontade não se sobrepôs ao coração. Várias vezes me tentava convencer de que eras feia! Horrível. Não o consegui. A razão, só por si não me faria voltar. Mas tu sim. Tu fizeste-me voltar. Desapareci sim. Para tua defesa. Não iria suportar colocar-te em perigo e perder-te. Agora não te tenho, mas estás aqui, como eu estou.
- Mon petit garçon! Solta uma gargalhada e sorri. Vira-lhe as costas e vai até a janela. Olha a rua e diz.
- Alphonso, as minhas noites são como os meus dias. Negras. Nunca deixei de te amar. Ainda amo. Mas não sei se o posso continuar a fazer. Não sei...
Alphonso levanta-se, caminha até Bianca, que está imóvel a olhar a rua. Abraça-a, sem lhe ver a cara, olhando também a rua. As duas caras encostam-se uma na outra. Bianca chora sem ruído. E um beijo emerge dela, para ele.

28 novembro 2010

Impressive cake

Compra um bolo. Descalça-te. Põe o bolo dentro do sapato. Calça-te. Anda 9827450 milimetros e pára. Grita: " Tenho um bolo no sapato! Tenho um bolo no sapato! Tenho um bolo no sapato!". Faz um andar esquesito, e sai do sitio onde estás. Enquanto andas fazes gestos com os braços como se fosses levantar vôo. Anda assim até encontrares uma sapataria. Entra e experimenta alguns sapatos, sempre com o pé amigo do bolo. Levanta-te apressadamente e sai ao pé coxinho. Com o sapato do bolo na mão. E grita: "Eu sou alemão e tenho um sapato na mão! Eu sou alemão e tenho um sapato na mão! Eu sou alemão e tenho um sapato na mão!". Sempre ao pé coxinho encontra uma livraria. Com a mão que não segura o sapato, procura o livro: "O homem que põe bolos no sapato, é alemão?" Se encontrares o livro, vai para casa e cospe no espelho quando te vires! Se não encontrares o livro, sai da livraria, dá dez piruetas. Compra uma máquina fotográfica descartavel, tira fotos à parte interior dos bolsos do teu casaco. Manda revelar. Escolhe a melhor e guarda-a no bolso. Se ainda estiveres com o sapato na mão e ao pé coxinho, espera, há mais. Senão, vai até ao próximo w.c. e grita: "Eu tenho um bolo no sapato e uma foto do meu bolso no bolso! Eu tenho um bolo no sapato e uma foto do meu bolso no bolso! Eu tenho um bolo no sapato e uma foto do meu bolso no bolso!" Mija e vai pra casa. Deixa a foto em cima do secador das mãos. Quando chegares a casa parte a mobilia toda e chama a polícia. Faz queixa de ti mesmo.
Esperaste. Estás cansado. Sapato na mão e ao pé coxinho. Estás em frente a loja de fotografias e gritas: Esperei e não mijei! Esperei e não mijei! Esperei e não mijei!" Cansado, muito cansado, calças o sapato.
Anda sempre no passeio onde tem as portas com os números ímpares. Para quando quiseres. Senta-te num banco do jardim. Deita-re e dorme. Quando acordares liga para um número ao acaso. Deseja um bom dia a quem atender. Desliga. E quase imediatamente atende uma chamada. Alguém a desejar-te bom dia...

Faith No More - Ashes to Ashes

26 novembro 2010

E a minha vontade era pegar em ti

E a minha vontade era pegar em ti
E levar- te a correr pela mão.
Ficar sem folego mas mesmo assim continuar.
E não largar a tua mão.

E a minha vontade era pegar em ti.
A minha mão pegar a tua. Correr sem parar.
A rir. Saltar os buracos, as pedras dos passeios.
Fazer razias aos candeeiros e aos carros.

A minha vontade era pegar em ti.
E pela mão, a minha e a tua juntas, correr.
Não pensar para onde. Apenas correr.
Como duas crianças a brincar.

E a vontade é nenhuma sem ti.
Sem te pegar. Estou aqui a desejar.
Pegar. E a minha vontade de correr
É tanta que penso no ar, em querer pegar em ti.

"A Gaivota" de Anton Tchekhov

Um dos textos que tenho entre mãos. Duro. Uma comédia para Tchekhov, que hoje em dia é considerado um drama. É curioso ver como os tempos mudam a maneira de interpretar a realidade.

"A Gaivota (em Russo Чайка, Tchaika) é uma peça de teatro do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904). A peça foi concebida pelo autor como uma comédia, mas ela foi interpretada e é tida por alguns como um drama ou uma tragédia. O próprio Tchekhov chamou-lhe "uma comédia, três papéis de mulher, seis para homens, quatro actos, uma paisagem (vista para um lago), muitas conversas sobre a literatura, um pouco de acção, um toque de amor".
Tchekhov começou a escrever A Gaivota em outubro de 1895. Em dezembro de 1895, leu o texto a amigos, actores de teatro em Moscovo. O director do teatro, Kors, também presente, disse: "meu caro, isto não é para o palco!". Tchekhov ficou surpreso e reescreveu a peça. Informou-se sobre pormenores técnicos de encenação com Vladimir Nemirovic-Dancenko. Em agosto de 1896, a censura (todas as obras culturais na Rússia eram censuradas) dá-lhe carta livre. Tchekhov baseou-se no caso de Lika Mizinova para a figura Nina. Trigorin é inspirado em Ignatij Potapenko.
A Gaivota narra os conflitos de um jovem escritor. Os conflitos dos personagens criam uma ligação direta com o espectador ao mesmo tempo em que apresenta uma visão profunda de uma sociedade cada vez mais vulnerável aos males existenciais. A peça representa uma harmonia estética natural, algo incompatível com a frustração encarada pelo personagem central da trama. A poesia é um dos recursos mais utilizados.
A figura central da peça chama-se Treplev é um filho de uma actriz famosa, Arkadina, que ao apresentar sua peça ao ciclo social da sua mãe fracassa duas vezes: a sua peça rejeitada pela elite da arte e pelo seu amor, Nina, e por se ter apaixonando por Trigorin, famoso escritor namorado da mãe de Treplev.
Treplev é um hamlet da comédia, um escritor romântico cheio de mudanças de humor e em permanente conflito interior, ridicularizado ainda mais pelo contraste entre os seus ideiais utópicos e as roupas simples e ridículas que usa, como pretendido por Tchecov, para espanto daqueles que viam na figura de Treplev um herói. Quando ele se decide suicidar, ouve-se um disparo vindo do jardim. Na casa, todos ouviram o disparo e pressentiram o que se passava. É então que Dorn diz: "aquilo foi um frasco de éter que rebentou", uma passagem que siderou alguns dos encenadores.
A 17 de outubro de 1896, A Gaivota foi encenada pela primeira vez, no teatro Alexandre, em São Petersburgo. A peça foi vaiada e Tchekhov deixou o teatro em sobressalto, sem se despedir.No entanto, dois dias depois, quando foi encenada pela segunda vez, foi um sucesso."
in wikipédia

21 novembro 2010

The other woman


Three Days Grace - Pain

As Aventuras de Sir Monarch - #7

Sir Monarch olha para o cartão que Felicia Robertson lhe entregara. " Buffet de La Gare de Lyon/ 1 er étage Gare de Lyon / Place Louis Armand". Sir Monarch opta por se deslocar de carro. O seu carro, um Rolls Royce Phantom, prateado, esperava-o na garagem do hotel. Passa pelos Jardins do Luxemburgo e cruza o Sena, na Pont Neuf. A cidade irradia luz.
Entra no restaurante. Felicia Robertson entra instantes depois. Ambos a horas. O restaurante tem um glamour que transparece da talha dourada.
- Sir Monarch! Pessoalmente este é o meu preferido. Diz sorrindo.
- É de facto um dos melhores, Miss. Sei que temos uma amiga em comum...
- Sim, Mrs. Templeton. Foi ela que me pediu para falar consigo. Pelos nossos amigos de Praga, obtivemos informações inquietantes.
- De Praga?!... Que informações?
- Parece que uma pessoa, ou pessoas, tem bastante curiosidade em encontrar uma determinada pessoa. Já ouviu falar em Claire Blanchefort?
- Não. Quem é? Quem e porquê a querem encontar?
- Bem... caro Sir, Claire Blanchefort é a primeira bailarina da Opera Nacional de Paris. Não sabemos do seu paradeiro. A última informação que temos é de Praga. Foi a última vez que foi vista. Depois... nada.
- Miss Robertson, gostaria muito de a ajudar. Neste momento tenho um assunto urgente para resolver e não posso ter outro. Entretanto se conseguir alguma informação, concerteza que lhe direi.
- Agradeço o seu empenho Sir. A nossa amiga dá muito valor a sua amizade. Disse-me para lhe dar os seus cumprimentos e esta pequena lembrança, em seu nome.
Felicia Robertson, tira da sua pequena mala, uma caixa, embrulhada em seda azul.
- Habanos! Os meus perferidos. Agradeça por mim o simpático gesto.
- Agora Sir... ofereça-me o jantar.
- Claro Miss.
Depois de uma jantar requintado. Sir Monarch despedesse de Miss Robertson e parte para o seu hotel.
- Uma bailarina? O que tanto quererão dessa misteriosa mulher? Estranho...

19 novembro 2010

O meu outro eu

Vou escrever sobre o meu outro eu. Aquele que não está a vista desarmada de todos os olhares. Só de alguns seres priveligiados, que olham o invisível. Não porque eu me tenha como um ser especial, mas porque quem o consegue, esses sim, são de facto especiais.
Vou tocar em várias teclas (paragrafos) e espero que a música seja pelo menos... suave.
Desde o início do ano passei por um paraíso perdido, por mares agitados, por tormentas súbitas. Por perdas e por ganhos. Podia escrever que perdi mais do que ganhei. Não penso assim. Vejo mais além, para lá do pensamento. Tenho momentos de pura lucidez, poucos e pouca. Em que estou em paz comigo mesmo. Em que vejo e aceito as perdas e os ganhos. Onde sei o que ganhei e perdi. E vejo a realidade como ela é. E porque sou como sou, aceito o resultado.
Vou falar dos ganhos. Ganhei a minha independência individual em todos os sentidos. Aprendi a ter uma nova "loucura", o teatro. Aprendi a saborear o tempo que passo só. Aprendi a não contar com o " egg in the chiken´s ass". Aprendi que perder alguma coisa tem sempre o outro lado da moeda. Não se esqueçam de o ver e tentar entender. Aprendi a dar mais valor, ainda, a quem gosta de mim pelo que sou, como sou e como serei. Aprendo todas as vezes que a vejo, com a Jo, uma mulher corajosa e bela, que me ensina a arte de me conhecer, de representar no placo. Aprendi que não deixei te amar, my Butterfly( o buda dá-me força...). E não vou deixar, vou apenas amar-te de maneira diferente. Aprendi que o que arde cura. E o amor arde sem se ver, mas cura a alma quando finda. Ganhei pessoas para mim. Que ficarão comigo para sempre, embora distantes. E a distância e o tempo não as afastarão de mim. E outras que recuperei, com a ajuda do tempo. Ganhei uma nova perspectiva de mim mesmo. Ganhei mais respeito por mim mesmo.
O que perdi. Perdi pessoas, já não voltam. Perdi só isso. Só! Afinal nunca se tem ninguém. Perdi a confiança nas pessoas. Perdi uma certa inocência. Perdi alguns sentimentos. Perdi o medo de largar, de deixar ir. Perdi o medo de poder vir a ser calculista, má pessoa, hipócrita. Nunca o serei. Agora já não.
Tenho dito ultimamente a quem me ouve, e não são muitas pessoas, algumas. Tenho dito que quem me quiser conhecer, tem que ter uma grande dose de paciência e de trabalho. Tenho eu feito o mesmo? Quero pensar que sim. Afinal, só me aproximo de quem eu quero. De quem eu vejo que me merece na totalidade. E quem não merece? Merece somente o meu respeito.
Nesta nova fase do ser humano que sou, pareço uma retorta em frente ao espelho. Um involcro que depura os elementos. Que os tranforma.
Serei sempre eu, de uma outra maneira.

11 novembro 2010

Pega em mim e adormece-me

Pega em mim e adormece-me.
Agarra nos meus pés e arrasta-me pelo chão.
Passa pela porta, e estou morto.
Os teus braços debaixo dos meus, levantam-me.

Deita-me na cama. Está escuro o quarto de noite.
Levanta a alça caída branca da camisa.
Senta-te a meu lado. Tens os pés frios.
Olha para mim, para o meu corpo.

Sente o peso do ar. Respira.
Move a tua mente para a tua mão.
No meu peito ela fica, fria depois quente.
Sente o meu coração. O meu corpo ausente.

Sente. Deita-te a meu lado. Olha o tecto.
Branco. Fecha os olhos. Ali ao lado um ser.
Ao teu lado. De olhos fechados, dorme.
Passa a tua perna por cima das minhas pernas.

Vira-te para mim. Olha a minha orelha.
A pele. As sobrancelhas, o nariz e a boca.
Traz a tua boca para perto. Fala comigo.
Diz-me as tuas palavras.

Tenta acordar-me com elas. Fala com sossego.
Sente a tua alma dançar com as palavras que dizes.
Sobe a tua perna até a minha virilha.
O teu joelho sente a diferença de calor.

Olha para a tua mão que sente o meu peito.
As unhas. Os dedos. A tua mão.
Para de falar. Engole em seco pela primeira vez.
Cheira o meu cheiro no pescoço.

Vê o fundo da cama e a outra perna, e o pé.
Levanta a cabeça. Coloca o teu braço esquerdo
Por baixo do meu pescoço. Junta a tua cabeça
A minha. Sente o meu corpo junto a ti.

O teu corpo junto ao meu. Abraça-me.
Para ti sou teu. Respira o ar quente.
Sente a maneira grande de abraçar.
Que é pouco. Ouve o teu coração bater. Colada a mim.

Não me queres acordar. Só queres que aquele momento não acabe.

06 novembro 2010

Il tempo di vedere su lo specchio

Há tempos escrevi sobre a ilusão, e sobre a realidade. Sobre a tomada de decisões. Que tento não voltar atrás nas decisões que tomo. Que racionalizo tudo, como se pusesse tudo numa misturadora(cerebro) e no fim o sumo, seria a decisão a tomar. Tomei uma decisão, e não consegui manter-me fiel a essa decisão que tomei. Presumi erradamente que era capaz de a levar a bom porto. Presumi que a minha decisão seria a melhor para ambas as partes. Não foi para mim. Não consigo manter-me fiel a minha decisão. Mas no fundo tinha que a tomar, para bem de mim próprio. E quando tomei essa decisão agi racionalmente, e não com o coração como até ali o tinha feito. Se não tivesse tomado aquela decisão como estaria agora? Não sei. Talvez com as mesmas dúvidas que tinha e que tenho. Mais próximo talvez estivesse. E não saberia lidar com essa proximidade. Não sem respostas. Tomei a decisão por defesa. De ambas as partes. Mas penso que quem perdeu algo fui eu. Ou não.

05 novembro 2010

Lumiere Blanche

Há pessoas que nos marcam, que ficam num canto do nosso coração para sempre. Tu Nina és uma dessas pessoas. Conheces-me como poucos. Lembro as tuas palavras: "... mesmo sendo dura (frontal) contigo?...". Resposta: " ...é uma das coisas que me faz gostar de ti." Lembro-me, particularmente, das tuas mãos e dos teus olhos. Dos teus gostos particulares por chapeus e aneis. E das tuas gargalhadas sinceras. E do resto. Eu estou aqui, sempre estive e estarei.

04 novembro 2010

Tu sonrisa

Queria dizer-te tanta coisa, e não dizer nada. Queria olhar-te nos olhos... e dizer simplesmente nada. Queria só estar perto de ti e saber o que sinto por ti. Não sei. Por vezes penso que me és totalmente indiferente. Que não sinto nada por ti. Outras vezes sinto qualquer coisa. Não sei explicar o que é realmente. Mas sei que sinto a tua falta. Isso sei que sinto. E esta paragem em que estamos, em caminhos paralelos, faz-se minuto a minuto, segundo a segundo. Nunca mais irei ser o que fui para ti. Não sei. Tu para mim serás sempre alguém muito especial. Só sei que sinto a tua falta.
Chorei por ti. Dei gargalhadas. E tudo ou muito pouco fica por dizer.

Jacques Lacan - Biografia

Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981) foi um psicanalista francês.

Formado em Medicina, passou da neurologia à psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da linguística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. O seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

Pensamento:
A sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da psicanálise.
Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro".
O campo de acção da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de actos falhados, esquecimentos, piadas e de relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem".
O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria os seus Matemas.
É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. No seu tópico de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível", "não cessa de não se inscrever". O seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, de Bataille, e do conceito de realidade psíquica, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, juntamente com o Objeto a ("objeto ausente"), criações suas. in "wikipédia"

03 novembro 2010

BDSM - Inevitável partilha

Este é um tema que me atrai. O que me atrai? A relação entre duas pessoas, que podem ou não ser, intimas no seu meio social. A fuga da realidade, o encontrar de uma outra realidade. A partilha de sentimentos, pelo consentimento das duas partes. Afinal tudo é real. A descoberta de um eu ou de vários eus, que não sabíamos existirem.
Existem interpretações incorrectas sobre o que é o BDSM (Bondage - Disciplina, Sadismo e Masoquismo). O BDSM tem obrigatoriamente que ser: São, Seguro e Consensual. Não existem regras para as sessões. Cada Dominador(a) e Submisso(a) tem que encontrar um ponto de equlibrio na sua relação. Tem que existir durante uma sessão de BSM palavras seguras, que garantam a segurança física dos intervinientes. Podem ser três cores. Vermelho, amarelo e verde. Normalmente um não pode querer dizer sim.
Dentro do conceito BDSM existem diversos sub-grupos, cabendo a cada um adaptar-se.

02 novembro 2010

Adrenaline Junkie

A adrenalina ou epinefrina é um hormônio simpaticomimético e neurotransmissor, derivado da modificação de um aminoácido aromático (tirosina), secretado pelas glândulas supra-renais, assim chamadas por estarem acima dos rins. Em momentos de "stress", as supra-renais secretam quantidades abundantes deste hormônio que prepara o organismo para grandes esforços físicos, estimula o coração, eleva a tensão arterial, relaxa certos músculos e contrai outros.
Em maio de 1886, William Bates anunciou o descobrimento da substância produzida pela glândula adrenal no New York Medical Journal. Foi também identificada em 1895 por Napoleão Cybulski, um fisiólogo polaco. A descoberta foi repetida em 1897 por John Jacob Abel. Jokichi Takamine, un químico japonês, descobriu a mesma hormona em 1900, sem conhecimento dos anteriores. Foi sintetizada artificialmente por Friedrich Stolz em 1904.

A palavra adrenalina foi criada pelo cientista que conseguiu isolar este hormônio pela primeira vez, o bioquímico japonês Elissandro Jokichi Takamine, que formou o nome em questão tomando o nome dos rins, sobre o qual se situam as glândulas secretoras, como já mencionado. Utilizou então ad- (prefixo que indica proximidade), renalis (relativo aos rins) e o sufixo -ina, que se aplica a algumas substâncias químicas (as aminas).

Quando lançada na corrente sanguínea, devido a quaisquer condições do meio ambiente que ameacem a integridade física do corpo (fisicamente ou psicologicamente, stress), a adrenalina aumenta a frequência dos batimentos cardíacos (cronotrópica positiva) e o volume de sangue por batimento cardíaco, eleva o nível de açúcar no sangue (hiperglicemiante), minimiza o fluxo sanguíneo nos vasos e no sistema intestinal enquanto maximiza o tal fluxo para os músculos voluntários nas pernas e nos braços e "queima" gordura contida nas células adiposas. Isto faz com que o corpo esteja preparado para uma reação, como reagir agressivamente ou fugir, por exemplo.
Afeta tanto os receptores beta¹-adrenérgico (cardíaco) e beta²-adrenérgico (pulmonar). Possui propriedades alfa- adrenérgicas que resultam em vasoconstrição.
A adrenalina também tem como efeitos terapêuticos a broncodilatação, o controle da frequência cardíaca e da pressão arterial, dependendo da dose. Na anestesia local é utilizada como coadjuvante, causando vasoconstrição para perdurar o efeito do anestésico, visto que uma área menor de vaso sanguíneo degradará menos o fármaco. "in wikipédia"

01 novembro 2010

Due Ladri

A tua boca na minha

Lançaste-te sobre a presa,
Com a vontade na boca.
Mataste a sede, deste de beber.
Prendeste-me suavemente.

A tua boca de veludo quente
Envolveu-me por completo.
Atirou-me ao chão. Tu e eu
Sós em qualquer tempo e espaço.

E tive a vontade carnal de te possuir.
De te agarrar nos cabelos. Um beijo no pescoço.
De cheirar a tua pele. Apalpar-te o ventre.
Olhar nos teus olhos...

Ver-me, ao frio colado a ti.
E uma música aparece. Clássica.
Onde as cordas dos violinos fazem som.
A nossa respiração parece só uma.

Sentada

31 outubro 2010

Mais um dia...

Ilusão. Indecisão. Desejo.

A realidade de mim. A tua realidade. Hoje deste-me um beijo. Inesperado. Quero mais. Inclinei-me na mesa e roubei-lhe outro. Quero mais...

Dá-me assim. Desprendido.
Desamarra-me. Desamarraste-me
O nó. Um deles. De marinheiro.
Pelas tuas ondas de mulher.

A minha pele segura a tua.
Prendido entre a tua boca
E a minha mente.
A tua mente onde está?

Sou um ladrão que tem
Perdão. Que agarra o
Teu ser com o ar, o vento.
E sou. Como tu és.

Suave como nada.
Terna como água.
Tu como sabes. Sei.
Tudo como sabemos.

Resposta em tempo útil:

"Ali estava eu sentada na mesa
Tu a minha frente
Com tudo para dizermos
Com tudo para sentirmos
Mas não passavam de lamentos das nossas
Vidas
Isso.... lamentos
Nada mais que isso
Sabemos. A procura de tudo e nada
Mas a vida é isso mesmo, um mundo
Cheio de tudo e nada.
No meio da conversa um beijo....
Algo que não estavamos a espera
Nada suave.... um beijo apenas cheio
De urgência
Urgência de encontrar o nosso outro eu.
Da noite ficou....
Bem da noite ficou o beijo e conversas
de sexo."

28 outubro 2010

Como me sinto...

Poderia colocar aqui uma imagem. De entre muitas não consigo pensar em nenhuma. Não seria certamente uma imagem alegre, ou se quiserem feliz. Podia escrever um poema. Ou prosa. Sobre a saudade, a ternura, o carinho ou simplesmente a amizade. Que me sinto completamente a chafurdar na merda.
Não me perguntem como me sinto. Se estou bem. Não me paternalizem. Não me façam rir de cada vez que pronunciam o meu nome. Apenas façam o que lhes apetecer para me sentir melhor. Eu não o estou a conseguir. E não. Não é drama. Não é auto-comiseração. É ter consciência do que sou.
My Butterfly... como tu me entendes. Tu mesma o disseste. Conheces-me. Tiveste o trabalho de me querer conhecer. De ver mais para além do involcro que sou para o exterior. Tiraste-me as mascaras. Depois da última chamada senti-te perto demais. E senti que ainda te amo. E sabe tão bem saber que és a mesma para mim. Simples tu.
Preocupo-me demasiado com os outros, é o que ouço de quem me quer bem. Dizem que tenho que ser egoista, pensar mais em mim. Mas não consigo. Deve ser um mal de que padecerei até morrer. Penso mais nos outros do que em mim próprio. Não tenho em mim sentimentos de maldade pura e simples. Sinto outros. Não tenho medo do que sinto. Nunca tive medo de sentir e de os encarar dentro de mim. De dizer se tiverem e puderem ser ditos. De enfrentar a filha da puta da realidade quando tem que ser.
De rir e de chorar.
Já me chamaram muita coisa. Vou omitir os nomes feios... vontade de rir.
Poeta, filosofo, escritor, estranho, lindo, anti-social, normal, fantástico, amigo. Tenho orgulho em todos eles. Foram ditos com sinceridade. Por quem me conhece. No primeiro minuto, ou anos mais tarde.
Este post não tem um fim, não tem um sentido especifico. É como me sinto...

25 outubro 2010

Palco 2

Luzes acesas. De pé. Eu e ela. A culpa é tua, disse ela. A culpa é toda tua! Tu és o culpado! Foste tu que o matas-te! Subi as escadas do palco. Fugi. Continuou a acusação. Voltei costas, fui para a boca de cena. Calado, pensava no que dizer. Não fujas. Colada a mim, fisicamente, a acusação. Agarrava-me a mim mesmo, ao abdómen. Cabeça baixa. Voltei-me rapidamente e enfrentei-a. Minha? Avancei, dois três passos. Não é o que dizem os teus olhos. Os teus olhos dizem palavras opostas as que saem da tua boca! Eu? Foste tu que matas-te o nosso amor! Não eu! Frente a frente, em pé, de perfil para as cadeiras. Gritos. Os seus olhos diante dos meus.
- Pára! A voz de quem sabe faz-se ouvir. - Está muito... overacting.

Palco 1

Luzes apagadas. Levantei-me da cadeira e no escuro procurei. Onde estás? Perguntei. De pé, ando devagar. Onde estão vocês? As minhas mãos nas extremidades dos meus braços, longe não alcançavam. Só nada, o ar. O vazio. Onde estou? E a consciência de estar dentro de mim começava a apoderar-se da realidade, do meu corpo. O espaço escuro era eu. E a voz, a boca, a cabeça, as pernas, os braços, eram a minha essência. Escutava-me. Irrompeste em choro. Primeiro um soluçar. Depois continuamente, e com uma cadência rápida compulsivamente. A solidão. A procura dos outros. E a falta que sentiste deles. E o choro parou quando te deitaste no chão. Quando não podias encontrar. Quando não tinhas forças. Quando soubeste.

10 setembro 2010

Custa-me respirar

Custa-me respirar.
Nem pensar me custa porque não penso. Não quero.
Doí quando penso...
E quero.

O jantar foi um prato vazio.
Imaculado. Branco.
Respiro lentamente.
Sem nada que me prenda aqui.

Sem cordas ou algemas.
Prende o coração alguma coisa.
Intangível. Imaterial.
Não palpável.

E respiro lentamente.
Tão lentamente que o que sinto
É anestesiado pelo bater lento.
O desaparecimento.

Morde-me. Arranca-me a carne.
Rasga-me a pele. Faz-me existir.
De paixão gritar e fugir e chorar.
Mata-me para viver.

Educa o meu corpo. A minha mente.
Faz um beijo parar o meu coração.
Faz um abraço soltar o meu choro.
Um olhar parar o tempo.

Um copo de água translúcida.
Foi o que bebi. Alguns Dunhill.
Janela aberta. As letras aqui.
E o grito que me fazes não gritar, grito.

E o medo. O infinito e infame medo que me invade.
Nojo de mim. Repulsa-me eu. Nada eu sou.
Sou nada. E nada é uma matéria escura. Invisível.
Ali onde se escondem as almas.

05 setembro 2010

Indeciso

Tentando ser o mais breve possível, vamos despachar a parte enfadonha da questão. Indecisão - a causa da decisão. Tomada de uma decisão - a consequência de uma indecisão. E agora a parte engraçada da coisa. Uma indecisão pode não ter como consequência uma decisão. Tomemos como exemplo a morte. Se estou indeciso quanto a se há vida para lá da morte, levarei esta indecisão até ao fim dos meus dias. Se se provar enquanto estou vivo que há vida para além da morte, não tomarei nenhuma decisão. Alterarei sim uma indecisão por uma realidade. Como se pode constatar não é assim tão fácil prespectivar o tema. As indecisões morais são a meu ver as mais difíceis de ultrapassar. As indecisões momentâneas do dia a dia, são mais ou menos fáceis de tomar. E agora a pergunta que me faço. O que é a moral? Podem pesquisar, mas desde já adianto que para mim a moralidade é neste momento que escrevo, uma caixa cheia de enganos e mistificações. A minha consciência é a minha moral. Se fico indeciso com algumas decisões morais? Sim. E todas as decisões são aceites por mim mesmo antes de as tomar. Quando tenho que tomar decisões, em que exista uma segunda pessoa aí a face do papel fica menos nítida. É muito mais complicado tomar uma decisão em que sabemos que irá afectar uma segunda parte. Por isso mesmo ficamos indecisos. Depois de tomada uma decisão tento não voltar atrás. Por muito que me custe. Tento.
Este texto soa-me a bafio. A frases feitas. A realidade é muito mais complexa. As pessoas são muito mais complexas do que pensamos. O que faz com que por vezes as indecisões que temos não são de facto, consequentes com a realidade. Quanto mais conhecermos o outro, mais fácil se torna a decisão.

01 setembro 2010

Desilusão

A ilusão leva a desilusão. A desilusão é consequência da ilusão. Estas duas frases retratam como, comummente é realizada a relação entre desilusão/ ilusão. Ou vice-versa. Muitos escritores e pensadores tem reflectido sobre a desilusão. Quase todos impelem a desilusão como filha da ilusão. Como fugir a desilusão? Não nos iludirmos. A forma lógica e racional, e diria eu mais económica.
Reflictamos sobre a causa da desilusão, a ilusão. Já por si uma ilusão não é uma coisa real. É uma coisa ilusória. Que nos ilude o pensamento. Diferente de coisa irreal. Que poderemos tomar como não real. Não real não significa que não existe. Somente que num certo momento e espaço, não é. Um segundo basta. Ou que seja de dificil discernimento, fazendo a realidade parecer irreal.
A desilusão é uma consequência de uma coisa não real então? Aqui a estrada toma diversos caminhos. Quando se diz que tal pessoa nos desiludiu com determinda acção, tomamos para nós, que estavamos iludidos por essa pessoa anteriormente. Quando nos deparamos com um amor ou paixão que acaba, a ilusão passa a desilusão. A consciência de nós em todos os aspectos da vida é uma arma que nos possibilita com o acesso a razão interior, ao nosso mais profundo ser, identificar a ilusão ou a realidade. A realidade essa sim é difícil de identificar. Não tomar neste caso a realidade com uma parte de nós, em que não existem sentimentos. Existem. Reais. Não ilusórios. A realidade não é ilusória. Não te iludes com uma pedra, ou com o mar. É real.
Pode a desilusão ser util? Pode. Tomamos consciência do que foi ilusão e não real. Apreendemos a experiência e sublimamos as atitudes, pensamentos, acções.
O ser humano é eficiente no que toca a se defender das acções que contra ele são tomadas. O acto de nos iludirmos é propositado? Conscientemente aceite?

30 agosto 2010

Um segundo na minha vida

Um segundo na minha vida. Por um segundo na minha vida, perdi a consciência de mim. Nesse segundo da minha vida perdi-me. Esse segundo, que não foi um segundo, foi o caos na minha cabeça. Nesse segundo da minha vida, estava eu e o mundo. Sozinho, sem nada nem ninguém que me amparasse. Nesse segundo da minha vida, por um mero acaso do tempo e do espaço, estavas lá tu. Apareceste do nada. Como um ilusionista que aparece diante do público, mas sem truques. Não pensava. Era incapaz de formular qualquer tipo de raciocinio. Só sentia.
Até agora não entendo como apareceste do nada. E ali estavas tu, não quero entender. Deste-me o que mais ninguém me deu. Incondicionalmente.
Percebi pelos poucos anos de vida que tenho, que há coisas que não se questionam. Tu és uma delas. Estás acima da minha razão, do que sinto. Dos sucesso e fracassos. Dos egoismos e desejos. Da bondade e caridade. Da fatalidade e da vida. És. Existes...

Tento cheirar o teu cheiro

Tento cheirar o teu cheiro.
Alcançar o que deixas cair das tuas mãos.
Enquanto andas. E quase sinto os teus cabelos
Na minha cara.

Tento tocar a tua pele.
Fechar os olhos e sentir-te.
A pele. Respiro fundo.
Vivo o ar que entra em mim.

Tento tocar o teu coração.
Suavemente...
Levemente...
Sentindo o que dás.

Tento tocar o teu corpo.
Só. Mar. Céu. Terra. Fogo.
Uma brisa marítima. Um.
Irreal.

22 agosto 2010

A intangibilidade

Todos os dias estamos a ser testados. Quer seja pela paciência, pela forma como encaramos o medo, ou o amor. Como e porquê? Destino, Teoria do Caos, Lei da Causa/Efeito, ou simplesmente Vida. Quando somos testados, pomos em causa tudo em que acreditamos e somos. Tudo o que somos passa a ser um conjunto de factos arquivados na nossa memória, que se refaz para encontrar uma resposta pluasivel. Plausivel para quem somos. Para quem achamos que somos. Quando somos testados, quase sempre a outra parte, ou partes tambem o são. Essa incapacidade de entendermos o outro, o que sente e pensa, é o que normalmente se designa por "desconhecido", ou "intangivel". Ao tentarmos perceber como actuar e desenvolver uma acção, tudo o que nos é posto a frente pelo outro, faz com que o que somos, mude. Esta mutação parte das nossas convicções mais profundas, mais intimas. E com esta mudança, o nosso pensamento e a nossa maneira de agir e inter-agir muda. É depurada sempre que algo semelhante acontece nas nossas vidas. As certezas que temos adveem de situações decorrentes com semelhanças entre elas. Valorizar o teste. Não desvalorizo os testes que recaem sobre mim. Aliás valorizo os que entendo ter que valorizar.

19 agosto 2010

Entra na minha cabeça e pinta-a com cores

Entra na minha cabeça e pinta-a com cores.
Faz um arco íris cerebral. Arranha-me o cérebro
Com as tuas unhas. Latente.
Sopra um vento fresco para dentro de mim.

Faz-me explodir o corpo. Espalha-me pelo chão.
Apanha os pedaços de mim e junta-os.
Limpa o meu sangue do chão.
Uma gargalhada soltasse da tua voz.

O meu corpo tenta falar. De uma forma
Qualquer. Com um sentido uniforme.
Disforme. Perdido em convulsões e
Espasmos fisícos. Olhas atenta com a cabeça de lado. Esquerdo.

Tudo é pouco e demasiado.
O som do vento entra nos meus ouvidos.
Invisível o vento. A sua cor.
Sopra o vento…

15 agosto 2010

Agartha

Agartha ou Agarta, por vezes chamada de Agharta, seria um reino situado dentro da Terra, e, neste sentido, a crença em sua existência estaria associada às teorias da Terra Oca e à cidade sagrada de Shambhala.
Shambhala, não necessariamente entendida como um reino subterrâneo, no imaginário do budismo e do hinduísmo, dentre outros, acha-se associada ao axis mundi, ou eixo primordia mitológico de um povo ou cultura, sendo uma das oito cidades sagradas localizadas em quarta dimensão, como entende a tradição ocultista, baseada principalmente em textos do hinduismo, budismo e taoismo.
A partir desse reino mítico, um monarca chamado Melki-Tsedeq, ou Melquisedeque, governaria o mundo. Este misterioso personagem é citado na Bíblia (Gên. 14:18-20 e Heb 6:17-20 e 7:1-3). No Budismo tibetano crê-se que haveria canais de ligação entre Shambhala e o reino budista (no exílio na Índia desde a ocupação chinesa comunista de 1950) dos Dalai Lama.

A ocultista russa Helena Petrovna Blavatsky, que apresenta ao ocidente farto e rico material filosófico das escolas orientais no final do século XIX, associa Shambhala a um destino escatológico: seria o berço do Messias que apareceria para libertar a Terra antes do fim do Kali Yuga, ou ciclo de destruição de mundos. Tal reino seria mencionado nos Puranas, coleção atribuída ao Vyâsa ("compilador") Krishna Dwaipâya, autor do grande épico hindu Mahabharata, sânsc. Mahābhārata.
Em toda a Ásia Menor, não somente no passado, mas também hoje, acredita-se na existência de uma cidade de mistério, cheia de maravilhas, conhecida como Shambhala, ou Shamb-Allah, ou, entre os povos tibetano e mongol, Erdami. Na China, no panteão do taoismo, é considerada a residência da Mãe Sagrada do Oeste, que o budismo chinês depois associa a Kuan Yin ou Guan Yin, e o japonês a Kannon, divindade da misericórdia, advinda da representação indiana original de Avalokiteshvara, "O que olha para baixo" (em socorro dos seres), Cherenzig no Tibete.
O explorador polonês Ferdinand Ossendovski, no início do séc. XX, refere-se ao reino de Agartha, crença provavelmente inspirada na cidade mitológica de Shambhala, como um reino habitado por milhões de indivíduos, governados por Rigden Jyepo (tib.), soberano ou rei do mundo. No livro Bestas, Homens e Deuses, Ossendovski, que ouviu várias histórias ao viajar pela Ásia Central, faz referências a Agartha, mostrando que o povo oriental crê em tal fato, especialmente os tibetanos, mongóis e chineses. Toda a natureza se calaria para louvar o rei do mundo em suas manifestações no plano físico.
No final do século XIX, o marquês Saint-Yves D'Alveydre viajou pela Índia e arredores e ouviu relatos semelhantes, que registrou na obra Missão da Índia.

Entre as raças da humanidade, desde o alvorecer dos tempos, existe a tradição de uma terra sagrada ou paraíso terrestre, onde os mais elevados ideais da humanidade são realidades vivas. Este conceito é encontrado nos escritos mais antigos e nas tradições dos povos da Europa, Ásia Menor, China, Índia, Egito e Américas. Esta terra sagrada poderia ser conhecida por pessoas merecedoras, puras e inocentes, razão pela qual constitui o tema central dos sonhos da infância.
O caminho para essa terra abençoada, este mundo invisível, domínio esotérico e oculto, constitui a motivação principal e a chave-mestra de ensinamentos misteriosos e sistemas de iniciação. Essa chave mágica é o Abre-te, Sésamo! que destranca as portas de um mundo novo e maravilhoso. Os antigos Rosacruzes a designavam pela palavra vitriol, combinação das primeiras letras da frase vista interiora terrae retificando invenes omnia lapidem, para indicar que "no interior da Terra está oculto o verdadeiro mistério". O caminho que conduz a este mundo oculto seria o da iniciação.
Na Grécia antiga, nos Mistérios de Elêusis e pelo Oráculo de Delfos, esta terra celestial era chamada de Monte Olimpo e de Campos Elísios. Também nos tempos védicos primitivos era chamada por vários nomes, tais como Ratnasanu (pico da pedra preciosa), Hermadri (montanha de ouro) e Monte Meru, lar dos deuses no Hinduísmo.
A compilação dos Eddas, textos islandeses referentes à mitologia nórdica, também menciona esta cidade celestial, que ficava na terra de Asar, dos povos da Mesopotâmia, terra de Amenti do Livro Sagrado dos Mortos, dos antigos egípcios, a cidade das Sete Pétalas de Vixnu e a Cidade dos Sete Reis de Edom, ou Éden da tradição do judaismo. Em outras palavras, o paraíso terrestre.
Os persas denominam-na Alberdi ou Aryana, terra dos seus ancestrais. Os hebreus chamam-na Canaã e os mexicanos Tula ou Tolan, enquanto os astecas chamavam-na de Maya-Pan. Os conquistadores espanhóis que vieram para a América acreditavam na existência de tal cidade e organizaram muitas expedições para procurá-la, chamando-a de El Dorado, Eldorado, ou "Cidade do Ouro". Provavelmente souberam a seu respeito pelos aborígenes que a a ela se referiam como Manoa ou "Cidade Cujo Rei se Veste com Roupas de Ouro".
Para os celtas, esta terra sagrada era conhecida como "Terra dos Mistérios", Duat ou Dananda. Uma tradição chinesa fala de uma Terra de Chivin ou Cidade das Doze Serpentes.
Na Idade Média estava associada à Ilha de Avalon e à saga dos Cavaleiros da Távola Redonda, que, sob a liderança do Rei Arthur e a orientação do mago Merlin, empreendiam a busca do Graal ou Cálice Sagrado, símbolo da obediência, da justiça e da imortalidade, e que teria sido usado na última ceia de Jesus com os apóstolos e, após a crucifixão, contido o sangue do "golpe de misericórdia" dado pelo soldado Longino e guardado pelo devoto José de Arimatéia.
in"wikipédia"

09 agosto 2010

O sono que tenho

Fraco. Sinto-me fraco. E de uma fraqueza tão grande que ninguém a vê. E de uma tristeza tão triste que só eu a sinto. O sono que tenho é pouco comparado com a saudade. Escreve o que quiseres, desde que sejas honesto contigo mesmo. Algo que me ficou na memória. Estou sozinho entre estas quatro paredes. Eu e o meu Buda. Olho para ele a espera de que diga o que fazer. O que sentir. Olho para ele para que ele me faça ter força. A pouco tempo alguém me disse, lá em cima tens alguém que olha por ti. Uma forma complicada essa de olhar.
Eu sou simples, eternamente transparente. Uma virtude e ou defeito. Ou nenhuma das duas.

Por mim passa

Tudo o que passa por mim é tocado por uma infinita sabedoria e arte. Tudo o que passa por mim tem os sentimentos mais nobres. Tudo o que passa por mim é feito de pó. Tudo o que passa por mim neste momento é o infinito.
O infinito são.

03 agosto 2010

Piet Mondrian - Biografia

Pieter Cornelis Mondrian, geralmente conhecido por Piet Mondrian (Amersfoort, 7 de Março de 1872 - Nova Iorque, 1 de Fevereiro de 1944) foi um pintor Holandês modernista. Participou do movimento artístico Neoplasticismo e colaborou com a revista De Stijl.

Nascido em ambiente rural com clima de fazenda e sítio, Piet Cornelis Mondrian vinha de uma família calvinista extremamente religiosa. Seu pai, um pastor puritano, desejava que o filho seguisse a carreira clerical. A religião marcou o jovem Piet e o sentimento metafísico iria permear sua obra durante toda a vida, em maior ou menor grau.
Tendo um tio que trabalhava com pintura, interessou-se pela carreira artística, mas foi obrigado a enfrentar a visão ortodoxa da família, que via na arte um caminho para o pecado. Vê, porém, na possibilidade de dar aulas uma resolução ao seu dilema: prometeu ao pai estudar artes, tornando-se um professor.
Insatisfeito com o magistério, Mondrian sente a necessidade de libertar-se e estabelecer-se como pintor, mas teme enfrentar ao pai (que de antemão desaprovava a idéia) e a si mesmo, tal o peso de sua formação religiosa. Quando entra em contato com a teosofia, porém, encontra em seu ideário uma resolução para o problema: a doutrina pregava o trilhar de um caminho evolutivo pessoal e a arte encaixava-se neste caminho. O contato com a teosofia irá manifestar-se no trabalho de Mondrian e marcará sua vida profundamente daí em diante.
Piet Mondrian começou a sua carreira como caminhoneiro ao mesmo tempo que ia praticando a sua pintura. A maior parte do seu trabalho deste período é influenciada pelo naturalista ou impressionista. No museu Gemeente, em Haia, estão expostos vários trabalhos deste período, incluindo exemplares pós-impressionistas tais como "O Moinho Vermelho" e "Árvores ao andar". (O museu também tem exemplos do seu trabalho geométrico posterior).
Após entrar em contato com a teosofia, Mondrian passa por um breve período simbolista, mas que lhe será fundamental para que atinja a abstração. Este período costuma-se confundir com a radical abstração que caracterizaria o resto de sua obra, já revelando uma certa tendência à geometrização e à síntese da realidade. Além do pensamento espiritual calcado na busca de uma essência matemática e racional para a existência que caracteriza a teosofia, Mondrian também exibiu um interesse quase obsessivo pelo jazz – pela identificação de sua alegria contagiante com o ritmo irregular que, ele também, possuiria um fundamento matemático.
Em 1913, visitou uma exposição cubista em Amsterdão que o marcou profundamente e teve grande influência no seu trabalho posterior.
A partir de 1917 até a década de 1940 desenvolve sua grande obra neoplástica.
Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza por pinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais (o uso de diagonais induziria a percepção a ver profundidade na tela e motivou o rompimento de sua amizade com Theo Van Doesburg). Essas linhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços. O blocos de cor, pintados de modo fosco e distribuidos assimetricamente, reforçam a idéia de um movimento superficial que se estende perpetuamente, indicando que o pintor investia na percepção de sua obra como uma abstração materialista e sem profundidade, criticando a pintura histórica enquanto produzia uma abstração racionalista, espiritualista e sobretudo concreta do mundo. Sua obra, muitas vezes copiada, continua a inspirar a arte, o design, a moda e a publicidade que a apropriamcomo design, sem necessariamente levar em conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem.
O seu quadro "Broadway Boogie Woogie", que pode ser visto no Museu de Arte Moderna de São Francisco, pertence à fase posterior ao Neoplasticismo, quando Mondrian se liberta das regras que ele próprio se impôs.
in "wikipédia"

Rammstein - Sehnsucht

Rammstein - Engel

Dive

02 agosto 2010

Tens um olhar doce e meigo

Tens um olhar doce e meigo. Um sorriso fantástico. E uma inquietação na pele, no pensamento. És como um livro. Por fora a capa, e por dentro as páginas. Não sei quantas páginas são. Mas é interessante ver-te revelar as páginas. E tentar ler, faltam-me os óculos. Vejo palavras difusas, que tento juntar racionalmente. Sondas-me o pensamento quando cada palavra sai da tua boca. Projectas as palavras contra o meu corpo, recebendo o seu reflexo. Quer seja ele corporal, emotivo ou racional.
Fico-me, hoje, por aqui. Ah! És feia...

19 julho 2010

Minimalismo

Surgido como reacção à hiperemotividade e ao Expressionismo Abstracto que dominou a produção artística da arte nos anos 50 do século XX, o Minimalismo, que se desenvolveu no final dos anos 60 prolongando-se até à década de 70, apresenta a tendência para uma arte despojada e simples, objectiva e anónima. Recorrendo a poucos elementos plásticos e compositivos reduzidos a geometrias básicas, procura a essência expressiva das formas, do espaço, da cor e dos materiais enquanto elementos fundadores da obra de arte. Para caracterizar este movimento artístico pode empregar-se o célebre aforismo do arquitecto Mies Van der Rohe "menos é mais".
Uma das principais influências desta corrente foi o pintor suprematista Kasimir Malevitch e as suas criações artísticas abstractas que levavam ao limite a simplificação geométrica.
O artista minimalista mais representativo foi o pintor Frank Stella, conhecido pelas suas pinturas austeras, constituídas por linhas e riscas de cor, paralelas, e pelas formas variadas e irregulares, embora geralmente simétricas, dos quadros.
Embora tenha começado na pintura, a Arte Minimalista conheceu o seu maior desenvolvimento na escultura. Os escultores usam normalmente processos e materiais industriais, como aço, plástico ou lâmpadas fluorescentes, na produção de formas geométricas, explorando as relações espaciais e a capacidade de a escultura interagir com o espaço envolvente, apostando na experiência corporal do próprio espectador.
Destacam-se as obras de Donald Judd, com as suas caixas uniformes em madeira, metal ou acrílico, pintadas com cores fortes, de Dan Flavin, com esculturas produzidas com tubos de luz fluorescente, de Sol LeWitt, com as construções em cubos e pinturas geométricas e de outros artistas como Robert Morris, Carl André, Richard Serra e Yves Klein.

Não trouxe o Moleskine

Penso em ti. O quanto ainda te amo. O teu silêncio faz-me pensar. Faz-me reflectir inconscientemente talvez. E tudo o que sai do alambique que é o cérebro,tem esta resposta. Amo-te. Não o digo por auto-comiseração. Para que te chegues mais perto. Não. Sei perfeitamente o que a realidade me é. Adversa. Nada a fazer. Amo-te.
Escrevo no bloco de notas. Sem Moleskine, mas com o pensamento claro. Límpido como a água pura do mar. E tudo o mais não sei. Não sei meu amor. É tão bom chamar-te de meu amor. É o que tu és. E dentro de mim, esse amor que te tenho, é como se fosse uma veia, um osso, um orgão interno de mim. Qualquer coisa real. Interna. Que está em mim, que é real. Aparte disso, o amor, para além da realidade é o melhor sentimento que tenho. A vida poucas certezas nos trás, esta é uma das poucas que tenho. O meu amor por ti é belo, apaixonante, vivo, real.
Agora não sai mais nada. Alguma coisa já saiu. Mas muita falta sair. O alambique necessita do fogo da escrita para depurar os sentimentos e a paixão. A razão e o sentimento.
Penso em ti...

21 junho 2010

Projeção gnomônica

Projeção Central ou Gnomônica é a projeção de uma esfera sobre um plano tangente a partir do seu centro.
A projeção gnomônica (ou projeção plana gnomônica) utiliza como superfície de projeção um plano tangente à superfície da Terra, no qual os pontos são projetados geometricamente, a partir do centro da Terra. Esta é, provavelmente, a mais antiga das projeções, acreditando-se que foi desenvolvida por Thales de Mileto, cerca de 600 a.C.
Projecção gnomónica centrada no ponto 0ºN, 0ºE.A projeção gnomônica apresenta todos os tipos de deformações. A projeção não é equidistante; a escala só se mantém exata no ponto de tangência, variando rapidamente à medida que se afasta desse ponto. Além disso, a projeção não é conforme, nem equivalente. As distorções são tão grandes que as formas, as distâncias e as áreas são muito mal representadas, exceto nas proximidades do ponto de tangência.
A propriedade notável desta projeção é que as geodésicas (que, na esfera, são os círculos máximos) são representadas como linhas retas. Os meridianos aparecem como retas convergindo para o pólo mais próximo. Os paralelos, exceto o equador (que é um círculo máximo) aparecem como linhas curvas. Além disso, na projeção gnomônica, como em todas as projeções azimutais, os azimutes a partir do ponto de tangência são representados sem deformações.
Em Cartografia Náutica, a projeção gnomônica é empregada principalmente na construção de Cartas para Navegação Ortodrômica. Sendo também aplicada em radiogoniometria com estação fixa, aproveitando-se a propriedade da projeção gnomônica de representar sem deformações os azimutes (marcações) tomados a partir do ponto de tangência (que, neste caso, será a posição da estação radiogoniométrica). Por outro lado, sabe-se que não é possível representar as regiões polares na Projeção de Mercator, devido à sua impossibilidade material da representar o pólo e por causa das deformações excessivas apresentadas em Latitudes muito altas. Esta importante lacuna pode ser preenchida pela projeção gnomônica. in "Wikipédia"

Cruz - Museu do Louvre


Bernardino Luini - Salome recebe a cabeça de S. João Batista


04 junho 2010

Pôr do sol

O sol esta a pôr-se. Qualquer dia nascerá novamente.
Este meu blog vai fazer uma pausa. Não sei se será definitiva ou temporária. Será concerteza uma longa pausa. Os motivos são vários. Alguns inconfessáveis outros nem tanto. A todos os visitantes quero agradecer terem por aqui passado, comentado ou não. Assíduos ou não.
Este blog faz parte de mim, assim como tudo o que nele está escrito. Todos os poemas foram escritos por mim. Neste momento sinto um alivio estranho e uma enorme saudade deste espaço. Sim a mim que tanto me deu, que me fez companhia quando mais ninguém me ouvia, me entendia. Agora é tempo de sair de cena.
Fora de cena quem não é de cena.