25 maio 2009

Ocult time

Luto contra a incapacidade do menos fácil. Corro atrás do que é árduo, trabalhoso. Refugio-me nas horas, no tempo. Escapa-me o espaço. O lugar, foge de mim. O lugar não é este. O lugar é outro qualquer, num tempo preciso, mas oculto.


23 maio 2009

O personagem

Hoje morri de faca na barriga. Hoje morri de sede. Hoje morri queimado. Hoje apontaram-me uma arma à cabeça.
Hoje gritei de dor. Hoje encontrei em mim um personagem. Sedento de morte. De não vida. Hoje esse personagem ganhou vida. Gritava como um lobo. Sentia medo quando ameaçado e era cobarde perante a morte. Esse personagem é demoniaco. Um ser alterado pelas condições do meio. Um ser que sente e que por sentir me transformou nele. Tomou a vida, o ar.
Hoje encontrei um personagem.

11 maio 2009

O que sobra

Sobra o pensar. Sobra porque o resto não existe. O resto é nada. A realidade que existe, que acontece, que é, não é nada. Sobra o meu cérebro.
Sobra o pensamento, o um mais um igual a dois. Sobra a racionalização do sentimento. Sobra o sentimento depurado de gorduras apensas. Sem ossos, nem pele, nem nada. A pedra filosofal dos amantes. Aquilo que Camões e Cervantes cantaram. Sobramos nós. Seja isso o que for.
Mas sim, nós.

07 maio 2009

Falta o Início

Quero ser o varredor da tua rua.
Olhar-te e sorrir...
Quero ver o tempo que passa a não passar.
Quero sentir mais o chão que pisas.

E se tanto querer é não poder,
Então eu não posso e nunca poderei.
Porque o meu querer é maior que a água de um rio.
E mais leve do que o ar, mais doce que o açucar.

E se para o poder ter, terei que perder...
Então perderei, serei o derrotado.
Se para ter, te ter, simplesmente tu.
Sou eu que serei, não tu.

E na tua rua o mais belo momento
Seria quando o teu sorriso olhasse.
E o tivesse, dando-te o meu...
E um olhar, o meu olhar.