28 agosto 2007

Não sei rezar.

Não sei rezar. Nunca o soube fazer. Não o sei fazer da maneira que toda a gente reza. Tenho várias maneiras de comunicar com quem nos escuta e entende. São sempre pessoais estas formas de me fazer escutar. Tenho uma forma que de vez em quando ainda utilizo quando me lembro. É verdade, nem sempre com a frequência que seria desejável o ponho em prática. Foi publicado no blog um artigo que descreve com pormenor o que não vou falar aqui. Posso dizer que a filosofia budista me atrai e sempre me atraiu. Bom indo ao ponto que interessa. De manhã e à noite, seguindo esta filosofia à risca o crente tem que pronunciar três vezes as palavras nam myoho rengue kyo.
Para saberem mais tem que ler o post atrasado, já não sei o mês em que o publiquei.
Estava eu a falar de rezar. Pois nunca fui dado muito a estas coisas de rezas e afins. Tenho um enorme respeito por todas as crenças e religiões existentes, não menosprezando nem idolatrando qualquer uma delas. Aliás um agnóstico como eu nunca o poderia fazer. Voltarei a este assunto, podem estar certos disso.

26 agosto 2007

Abbraccio







Anda cá.

Anda cá.
Estou a chamar-te. Vem.
Esquece o que sabes. Vem.
Fecha os olhos e vem.

Se não os conseguires fechar, põe uma venda nos olhos.
Dá os passos até mim. Devagar se quiseres. Não tenhas pressa.
Não quero que caias nem tropeces. Usa as mãos para saberes onde estás.
Anda. Passo a passo. Ouve.

Ouve o som do chão. Ouve o som do escuro.
Anda cá. Segue a minha voz. É por aqui...
Ouves a minha voz? Sou eu que te chamo.
Sou eu que te quero aqui.

Vem. Porque ao me encontrares,
Vais perder o medo. Vais tirar a venda.
Vais olhar-me nos olhos. Vais abraçar-me.
Vem... passo a passo...

Foges de mim como o vento...

Foges de mim como o vento...
Apareces como o vento...
Sinto-te como o vento...
Estás sempre comigo.

Esse vento que de manhã nos cala a calma.
Que de repente nos atropela. Que nos esfria.
És e não te vejo. Vem... sopra ao meu encontro.
Envolve-me e faz-me sentir-te.

De manhã ao acordar, ao abrir uma janela.
De noite a olhar para a lua. Sopra para mim.
Faz com que a minha boca seque.
Para de seguida tomar um beijo teu.

Sopra para mim o teu amor.
Acaricia a minha face com a tua pele sedosa.
Faz o que o desejo te impele a fazer.
Abraça-me com força...

23 agosto 2007

A professora de inglês

Uma vez no 12º ano uma professoara de inglês, uma universitária arrogante, perguntou a toda a turma o que cada um, se pudesse mudava alguma coisa do nosso passado, que não quisessemos que tivesse acontecido. Eu, respondi que não mudava nada, ao contrário dos outros meus colegas. Muito indignada, a professora perguntou-me porque não mudaria nada no meu passado, já que todos e penso eu ela, teriam muitas coisas a mudar. Respondi que não mudava nada porque não é possível mudar o que está feito. Entre dentes disse qualquer coisa que me escapou, mas senti que não estava a contar com a resposta. De facto, nós somos responsáveis pelos nossos actos, sempre asumi os meus, não irei nunca de deixar de assumir o que faço. Eu fiz, está feito. as consequências essas não as posso delegar em outrem. A mim só a mim cabe levar em ombros o meu passado. O bom e o mau.
É fácil pensar que não fizemos tal acto, nem dissemos tal coisa. Mas o facto é que tudo o que nós fazemos nos influência para toda a vida. Influência o futuro. O nosso. Com esta ideia em mente, relembro uma frase que por vezes me vem a cabeça: o destino somos nós que o fazemos. Não deixa de ser verdade se tivermos em conta o que disse anteriormente.
O presente que já é passado, tem consequências inevitáveis no futuro, seja ele próximo ou distante. O homem tem um dom de esquecer as coisas más e exacerbar as coisas boas. Talvez por isso, se diga constantemente que a esperança é a última a morrer e que ainda não se vê uma luz ao fundo do túnel. Tudo isto é o pensamento positivo a manifestar-se e a tentar apagar o que de mau aconteceu anteriormente, para que nós mesmo inconscientemente sejamos levados a procurar o melhor que nós soubermos fazer no futuro.
Saibamos nós aprender com os nossos erros, saibamos nós perdoar, saibamos nós amar.
A vida é uma só. Tem uma linha que não tem recuos. Não escolhemos para nascer é verdade, mas já que aqui estamos, penso que temos que aproveitar o que de bom temos para viver. E quem não sabe dizer os momentos de felicidade que teve neste ou naquele lugar ou ocasião. Esses momentos são para se repetirem. Não vale a pena fugir ao nosso destino como seres humanos. De facto vivemos para saborear o que de bom a vida tem para nos dar. É essa a lição que a vida nos dá.

17 agosto 2007

Le Grand Bleu

Bebo um copo de água fria tirada do frigorifico. Tento refrescar os miolos. A descida ao fundo do poço é sempre complicada. Em apneia ainda por cima. E tenho que tentar chegar ao fundo e olhar se vejo o que me espera lá em baixo. O mais difícil depois de saber o que lá está em baixo, é a subida. Não abrir a boca, sabendo que se o fizer não é ar que entra... mas sim água que me afoga em segundos. Por falar em apneia e deixando de lado a singela certeza que tenho de que estou a ser um verdadeiro chato, relembro o filme Vertigem Azul, Le Grand Bleu em francês. Tenho o DVD, o original. Recomendo. A esta hora da noite não posso ser muito descritivo e coerente, mas vale a pena ver.
A esta hora da noite penso em ti...

Irradio angústia. Dou a tristeza.

Irradio angústia. Dou a tristeza.
Começo por contar as estrelas que já tive,
Sob o meu olhar meigo.
Desperto o choro.

Declamo os poemas só meus.
Escrevo as dores só minhas.
Bebo o fumo dos cigarros que fumo.
Insipiro o ar inundado de amor.

Redigo os sentimentos interiores.
Mendigo uma carícia com tremores.
Resvalo num corpo de suores.
Mereço tudo isto?

Exausto de existir parece-me que um dia será melhor.
Incrédulo por não saber viver. Inclino o corpo para a frente.
E ando sem parar. Até desaprender quem sou.
Até chegar ao fim.

12 agosto 2007

The shadow of you




Anda até mim e congela-me.

Anda até mim e congela-me.
Pega em mim e leva-me.
Leva-me para bem longe.
E descongela-me depois.

Põe-me ao ar quente do calor.
Deixa que eu descongele ao ar.
Onde me vais pôr?
Quando me vais levar?

Arrebata-me o inabalável coração.
Leva-me à traição!
Tira-me os sentidos...
Faz-me encontrar estando perdido.

Faz-me frio e congela-me.
Para depois me descongelares o coração.
Tratares com o calor da paixão.
Faz-me frio...

04 agosto 2007

Pintadas a carvão, as pessoas caminham na rua.

Pintadas a carvão, as pessoas caminham na rua.
O traço é largo. O primeiro esboço corrigível.
Cabelos e corpos distorcidos.
Prédios e montras de saudades.

Friccionas o desenho com as mãos.
Das-lhe textura. Das-lhe côr.
E toma vida o desenho a preto e branco.
Consegues saber o que queres.

Pensas nos pormenores. Desenhas os olhos.
Afastas os riscos que não queres.
Carregas os traços. Defines as fronteiras de tudo.
Olhas o desenho e vês o que queres.

Não podes voltar atrás. Não podes apagar.
É teu. Um fragmento de ti.
Corriges mentalmente os erros.
E vês o belo de não ser perfeito.